Notícias

Depois de duas edições que renderam assunto para repensar a forma como pessoas que precisam de acessibilidade digital têm tido acesso (ou não) ao que precisam para navegar de forma autônoma, nosso EqualWeb Talks chega a sua terceira edição. E mais uma vez, convidamos quem vive na pele as consequências da falta de acessibilidade para nosso bate-papo. 

Nesta edição, nossa Embaixadora Digital, Ewa Weber, recebe Fabio Uzunof (Sr Business Partner da EqualWeb) para uma conversa enriquecedora sobre os rumos da inclusão, a importância da acessibilidade e da mudança de atitude de grandes empresas, o impacto de tecnologias assistivas na melhoria da navegação de pessoas de grupos minorizados e muito mais!

Quer espiar os tópicos que foram pauta desse bate-papo? Confira abaixo:

• Mudança no posicionamento das empresas em relação à implementação da acessibilidade
• Debate sobre o quanto o mercado da acessibilidade já avançou e o quanto ainda precisa avançar para alcançar a inclusão
• Como a EqualWeb vem trabalhando para tornar o mundo digital mais inclusivo para todos
• Conselho do nosso Sênior Business Partner empresas que ainda não a praticam integralmente a inclusão
• E muito mais!

Ficou curioso e quer saber mais? Continue a leitura e confira!

Ewa: Nosso EqualWeb Talks está no ar e, hoje, eu, Ewa Webber, recebo Fabio Uzunof, Empreendedor com foco em ESG e Sr Business Partner da EqualWeb. Para que todos saibam como somos, farei nossas descrições físicas da foto que consta em nosso vídeo. 

Vou começar por mim: sou uma mulher branca, de cabelos pretos e,  na minha foto, estou vestindo camisa azul com logo da EqualWeb enquanto cruzo os braços na altura do peito. Agora vamos para a descrição da foto do Fabio: ele é um homem branco, de cabelos escuros e veste terno preto e camisa social branca enquanto cruza os braços na altura do peito, sentado em sua cadeira de rodas.

Estou muito feliz em comandar esse bate-papo com você, Fabio! Tenho certeza que teremos um debate enriquecedor, com insights valiosos para que as empresas entendam a importância da implementação de acessibilidade em todos os meios.

Fabio: Toda oportunidade que a gente tem de falar sobre a inclusão de pessoas com deficiência, acessibilidade digital, quebra de barreiras comunicacionais, a gente tem que aproveitar, porque toda sociedade, as instituições, as organizações privadas e públicas são muito carentes de saber como lidar com esse tema. Então muito obrigado pelo convite.

Ewa: Então vamos para nossa conversa, Fabio. Assim como eu, acredito que você também tenha se deparado com a falta de acessibilidade literalmente no seu caminho. De uns anos para cá, tenho notado o aumento da acessibilidade nos lugares, mas não há dúvidas que ainda há muito a se fazer. No lugar de pessoa com deficiência que atua no mercado da inclusão, você tem percebido que as empresas têm trabalhado para mudar esse cenário? Quais medidas você notou que têm sido aplicadas? Algum caso interessante que você possa compartilhar?

Fabio: Esse cenário, ele tem mudado nos últimos 30 anos, a gente percebe isso não pela legislação, apesar da legislação ser a melhor legislação do mundo, a gente tem a lei de cotas para inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, temos a lei brasileira de inclusão, que por sua vez, em 2015, foi um marco, no Brasil e no mundo, e nós temos em 2022 a Lei do SAC, ano passado, que preconiza que todos os sites têm de estarem acessíveis para pessoas com deficiência. Dito isso, a gente imagina: as empresas se movimentam então por conta dessa questão?” não. Nossos clientes prospects mais interessados e clientes já fidelizados que já renovaram conosco, são muito pragmáticos, veem exatamente que resultado aquilo traz para a empresa. Um case muito interessante é o do grupo Casas Bahia. Eles quiseram começar a acessibilizar todas as suas plataformas e começar pela plataforma de marketplace. Ou seja, aquela plataforma por onde você vende seus produtos através de grandes players do mercado, e eles acessibilizaram através da EqualWeb. No primeiro momento, eles precisavam ficar compliance com a legislação, mas não foi a mola motriz principal deles. Eles queriam realmente promover a inclusão da pessoa com deficiência, principalmente através do empreendedorismo e conseguiram. A EqualWeb disponibiliza um e-book para as organizações, para que elas possam, através da ferramenta, em uma API específica, ver quanto tempo a pessoa ficou navegando no site e qual o ticket de compra que ela tem em relação a outras pessoas sem deficiência que não clicaram na ferramenta. é muito simples: a partir do momento em que a pessoa tem alguma deficiência e começa a usar uma das 31 funcionalidades, que têm essa inteligência artificial embarcada, você começa a mapear aquela jornada e isso te dá insights e insumo para criar estratégias para esse público. E você consegue mensurar. Então foi bem interessante com o grupo Casas Bahia, eles viram que a audiência aumentou em 2022, tiveram mais de 172 mil acessos e até setembro deste ano eles já tinham até 22% mais que o ano anterior. Eles começaram também a perceber, além dessa audiência mensurada e aumentada, que o SEO deles teve um incremento. Um outro aspecto é que, a partir do momento que você tem 31 funcionalidades, você vê a jornada dessa pessoa que clica em uma das funcionalidades, você tem uma API que a gente passa para os nossos clientes lá como uma forma deles mensurarem e filmarem essa jornada. Então você tem essa peculiaridade de poder estar trabalhando diversos aspectos e depois o ESG vai fazer ativação de marketing, vai constar no relatório de RI e você acaba tendo um combo de resultados relacionados a ESG, do social e do governance, principalmente os resultados que você traz no fim do dia para a empresa em termos de produtos e serviços e incremento da sua receita, além do aumento da criatividade e da agilidade do seu ambiente operacional, um ambiente diverso, um ambiente que promove inovação.

Ewa: Além da mudança no posicionamento das empresas em relação à inclusão, não podemos esquecer que a própria forma como a acessibilidade se apresenta também se transformou bastante nos últimos anos. Se você pudesse traçar um histórico, mostrando como estamos melhores agora do que quando não existiam novas tecnologias de acessibilidade digital, quais as principais diferenças que você nota?

Fabio: Interessante. a gente fala muito sobre essa questão de linha do tempo para algumas coisas e para acessibilidade digital, ela até 2018, 2019 se resumia a desenvolvedores que tivessem uma formação com acessibilidade digital para fazer os sites. E essa mão de obra é absolutamente escassa no brasil e no mundo. Isso tem dois motivos principais: a maior parte das bibliotecas APIs, elas já não contemplam acessibilidade digital, então, um programador, desenvolvedor que vá fazer um site, ele já tem que fazer uma curadoria muito apurada das bibliotecas que ele porventura venha a utilizar e isso já demanda um conhecimento profundo de WCAG, que é o conjunto de regras das melhores práticas mundialmente para a acessibilidade digital. Então, dentro da W3C, você tem o WCAG, que é o guia de melhores práticas para você tornar um site acessível. O outro problema é que quando se fala de formação de técnicos, programadores, desenvolvedores a nível médio ou a nível universitário, você não tem isso dentro das ementas, então você não forma esse tipo de desenvolvedor/ programador. quando você tem essa demanda, tem uma dificuldade muito grande de encontrar e, quando encontra, o preço por si só não se justifica, comparativamente ao preço para fazer um site sem acessibilidade. Então esse é um gargalo que a tecnologia assistiva com inteligência artificial embarcada vem resolver. Ela traz uma automação, uma escalabilidade muito grande, uma personalização da navegação única, cada pessoa vai configurar a ferramenta do jeito que for mais adequado para ela e de acordo com a deficiência dela. Então, a tecnologia veio para fazer toda a diferença e o DEV Web Designer, que trabalha com acessibilidade digital, que fez esse mergulho, ele pode apurar toda essa questão de navegabilidade e experiência do usuário com a inteligência artificial, então é o melhor dos dois mundos, tendo um profissional ali dedicado, mas que necessariamente não vai ter que refazer todo um site depender de uma aprovação que demora muito tempo dentro das organizações e vai poder fazer e focar em coisas que são muito mais ligadas ao core.

Ewa: Observar o passado é importante para sabermos o quanto já avançamos, mas o futuro também não pode ser deixado de lado. Qual você acredita que seja o panorama para a inclusão, e principalmente a acessibilidade digital nos próximos anos?

Fabio: Estamos muito animados com o que vai acontecer com a acessibilidade digital nos próximos anos, porque a questão da inteligência artificial veio para ficar e você tem que ter também muita gente qualificada para mexer com isso, então você vai poder desonerar as pessoas mais caras e especializadas da sua empresa, principalmente, desenvolvedores e o pessoal de marketing e web designers para poderem estar trabalhando em coisas, eu diria, mais caras à empresa e que vão render resultados mais bacanas. E os trabalhos que são mais repetitivos, com a automação e a inteligência artificial, as correções e esses trabalhos vão ser escaláveis na sua solução em termos de custo e tempo. A gente vai levar minutos, senão segundos, para fazer correções que levariam horas, dias ou semanas para serem realizadas a custos proibitivos. Então a gente ganha em segurança, ganha em escalabilidade, ganha em inovação. daqui a algum tempo, a gente deve fornecer por IA também, reconhecimento de imagens. Agora, imagina um e-commerce com 15 milhões de itens e que você tem que fazer a descrição alternativa de imagem de todos os produtos ali,. Então é isso que eu vejo para o futuro: uma avassaladora automação e uma valorização muito grande do profissional de desenvolvimento de sites acessíveis, porque ele vai dar um aprimoramento com o profissional de UX, com o pessoal de marketing, com o pessoal da área comercial, para que a jornada naquele site que venda um produto ou um serviço específico seja muito mais cativante. 

Ewa: Nos conte um pouco sobre como a EqualWeb vem trabalhando para tornar o mundo digital mais inclusivo para todos. Se você puder compartilhar alguns exemplos seria ótimo! 

Fabio: A EqualWeb, ela tem impactado muito o Brasil, mas principalmente começou lá fora, no exterior. Ela identificou uma necessidade forte e  trouxe uma inovação disruptiva e incremental. uma inovação disruptiva muda o nosso comportamento e o comportamento de como a gente interage com as coisas. Foi o que aconteceu quando a Apple lançou o iPhone touch. A gente tem essa característica de tornar um site acessível e olhar para o site de uma forma muito mais peculiar e estratégica, tirando dele dados que nós não tínhamos antes. Então isso, por si só, já gera uma outra inovação, que é incremental, diminuindo custos e aumentando resultados, e dando indicadores para você fazer com que a jornada de quem navegue por aquele site seja toda mapeada e disso você gere estratégias para atender melhor esse público. A outra coisa que eu acho muito interessante é que ela tem uma equipe que trabalha muito fortemente localmente em cada país. Então, no Brasil, em Lisboa, países de língua portuguesa, e até aqui na América Latina, ela atua localmente e ela pode atender e por ser uma ferramenta que é ofertada em 35 idiomas e por ter uma equipe também, vamos dizer assim, de diversas nacionalidades, ela consegue ter uma amplitude muito grande para atender às demandas das empresas sob medida e isso é muito único. 

Ewa: Para fechar nosso bate-papo, qual é a mensagem final sobre inclusão e acessibilidade que você gostaria de passar para as empresas que ainda não a praticam integralmente?

Fabio: Inicialmente, vamos parabenizar empresas que já implementaram e estão implementando processos de inclusão e acessibilidade e rompendo com todas as barreiras, sejam elas atitudinais, físicas, arquitetônicas e comunicacionais, e estão colhendo os frutos dessa semeadura. E avisar as empresas que não estão fazendo, que elas estão perdendo dinheiro de diversas formas, com equipes não diversificadas e, obviamente, perdendo os benefícios que eu citei anteriormente, além do que estão muito expostas com relação à legislação da Lei do SAC 2022, LBI 2015 e podem ser denunciadas para o Ministério Público e isso acaba acarretando em um prejuízo de imagem e financeiro muito grande. Se eu pudesse deixar uma frase, eu deixaria que tecnologia torna a vida das pessoas mais confortável, como usar o Airbnb, o Waze, o iFood, o Rapi e assim por diante, mas utilizar tecnologias assistivas torna a vida de pessoas com deficiência possível. Abraço, obrigado a todos.

Ewa: Muito obrigada por essa conversa, Fabio! Não tenho dúvidas de que compartilhar sua vivência conosco aqui no EqualWeb Talks foi de grande importância para todos que se interessam pela causa da inclusão. Juntos, vamos construir um mundo mais inclusivo para todos!