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  • Carnaval: a festa do povo é acessível para todos?

    A maior festa popular do País mobiliza, todos os anos, milhões de pessoas para um show de diversidade de culturas e estilos, seja na hora de curtir os blocos de rua ou os desfiles das escolas de samba. Mas o evento conhecido tradicionalmente como a festa do povo é feito para todos?

    Nas principais cidades onde a festa acontece, muito além de pensar em qual fantasia usar, é preciso pensar também na acessibilidade para todos, afinal, pessoas com deficiência, de acordo com o último Censo do IBGE, são 24% da população e devem ser incluídas na maior festa popular do País. 

    Entretanto, diante de um cenário incerto em relação a realização ou não do Carnaval de Rua e da forma como as Escolas de Samba se apresentarão em 2022, reunimos neste blog todas as informações que você precisa saber sobre o cenário da acessibilidade para pessoas com deficiência no Carnaval, além de um retrospecto sobre a história dessa festa popular e sugestões de acessibilidade para sua realização. Continue a leitura e confira:

    Na foto temos um rapaz tocando trompete em um bloco de rua no carnaval

     

    O Carnaval no Brasil 

    A data, que hoje é fixada exatamente 47 dias antes do domingo de Páscoa, diferente do que muitos acreditam, não é uma criação brasileira. Trazido pelos colonizadores portugueses entre os séculos XVI e XVII, a festa foi ganhando a forma que conhecemos hoje com o passar dos anos. 

    O que na época era representado pelo ‘entrudo’, brincadeira muito popular em Portugal, onde as pessoas podiam sujar outras na rua, passou a ser reprimido pela elite, que não via com bons olhos a zombaria feita pelo povo nas ruas. Porém, ao mesmo tempo que a festa popular era reprimida, a elite do Império criava os bailes de carnaval em clubes e teatros como uma forma de manter a data comemorativa, mas sem a presença popular e sem a sujeira que a tradição anterior fazia. 

    Aos poucos, outras tradições como as que conhecemos hoje, incluindo os cordões, as marchinhas, e até mesmo o samba. Tudo foi sendo combinado, para termos a festa que conhecemos hoje com a presença de Escolas de Samba, trio elétricos e blocos de rua, entre outros. 

     

    A maior festa popular do Brasil é para todos? 

    Existente da forma que conhecemos há menos de 100 anos, o Carnaval, quando se trata de acessibilidade para pessoas com deficiência, ainda caminha a passos curtos. Porém, mesmo que ainda exista muito a ser feito, também devemos destacar algumas atitudes que já foram tomadas para incluir a todos na maior festa popular do Brasil.

     

    Loucura Suburbana

    Criado em 2001, o Bloco que desfila pelas ruas do Engenho de Dentro é, além da manifestação da alegria de pacientes, familiares e funcionários do Instituto Municipal Nise da Silveira, também uma manifestação em busca da desconstrução do modelo de assistência prestado aos pacientes com transtornos mentais, fazendo com que o desfile seja uma grande festa, sem qualquer preconceito.

    Tá Pirando, Pirado, Pirou!

    Inspirado na fala de um paciente do Instituto Municipal Philippe Pinel, o bloco fundado em dezembro de 2004, não busca fazer Carnaval apenas para quem depende da rede pública de saúde mental, mas sim incluir toda a população nessa grande festa. Além de fazerem parte da revitalização do Carnaval de rua do Rio, ao sair pelas ruas da Urca, o Coletivo Carnavalesco também reforça a luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica nacional.

    Embaixadores da Alegria 

    O Carnaval do Rio de Janeiro ganhou em 2007 uma opção de bloco acessível para que pessoas com deficiência pudessem participar da festa. Contemplando pessoas com deficiência física, motora e cognitiva, o grupo conta com o apoio de diversos especialistas como fisioterapeutas, pedagogos, terapeutas e psicomotricistas para garantir que a folia seja possível para o maior número possível de pessoas. Há mais de 15 anos, a agremiação é a responsável pela abertura do Desfile das Campeãs do Grupo Especial do Rio de Janeiro. 

    Senta Que Eu Te Empurro

    A proposta do bloco de Carnaval criado no Rio de Janeiro, em 2008, é socializar, integrar e dar visibilidade a pessoas com deficiência, garantindo que seu desfile seja leve e descontraído para todos os presentes. O bloco sai pelas ruas do bairro do Catete, quebrando barreiras e preconceitos, e levando alegria ao colaborar para a autoestima de pessoas com deficiência, que por muitos anos foram privadas de aproveitar essa festa popular. 

    Todo Mundo Cabe no Mundo

    Desfilando pelas ruas de Belo Horizonte desde 2016, o bloco mineiro promove a inclusão de pessoas com deficiência, tanto para quem queira brincar o Carnaval nas ruas quanto para quem queira tocar na bateria do bloco. Saindo pelas ruas do bairro de Santa Efigênia, “Todo Mundo Cabe no Mundo” é uma mistura da festa mais popular do País, com um alerta sobre a necessidade de inclusão de todos. 

    Me Segura Senão Eu Caio

    Há mais de 10 anos, o bloco pernambucano promove, nas ruas do bairro da Torre, em Recife, uma festa acessível para pessoas com deficiências intelectual e física.  Com média de 4 mil pessoas acompanhando o bloco todos os anos, o coletivo carnavalesco reúne pessoas de todas as partes do Estado, que buscam espaços adaptados para que elas possam aproveitar o Carnaval de forma plena. 

    Carnapupa

    Uma alternativa inclusiva para os paulistanos é o Carnapupa, que surgiu pensando em levar acessibilidade e folia a pessoas com deficiência. O bloco leva acessibilidade para cadeirantes e música em volume mais baixo para que crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) não se sintam incomodadas com o som. 

    Mas, além dos blocos de rua, quem não abre mão de aproveitar o Carnaval acompanhando os desfiles das escolas de samba também pôde observar algumas mudanças no que diz respeito à representatividade e à acessibilidade para pessoas com deficiência. 

    Nos sambódromos ao redor do País, podemos observar algumas iniciativas que começaram a surgir para garantir mais inclusão às pessoas com deficiência. Um exemplo é a presença de deficientes físicos e visuais como jurados e funcionários dos desfiles, no Rio de Janeiro e em São Paulo, desde 2012.

    A capital fluminense também oferece acessibilidade para quem assistir aos desfiles na Sapucaí, já que, no Setor 13, área destinada a pessoas com deficiências e seus acompanhantes, são disponibilizados fones de ouvido, onde um narrador profissional, passa todos os detalhes dos desfiles aos participantes, além da presença de tradutores de libras, fazendo a transcrição em tempo real de todas as letras de músicas tocadas.

    Já na capital paulista, por meio do projeto “Samba com as Mãos”, foi possível levar acessibilidade a surdos, ao disponibilizar vídeos com tradução em Libras dos sambas-enredos das agremiações que pertencem ao Grupo Especial de São Paulo. 

    Na avenida, a acessibilidade já foi tema em Manaus, no desfile do Grêmio Recreativo Unidos do Alvorada. A escola trouxe o samba-enredo “Oi, eu estou aqui! Alvorada com um cromossomo a mais mostra que ser diferente é normal”, homenageando pessoas com Síndrome de Down e levantou a discussão a respeito da importância da inclusão de pessoas com deficiência.

    Em Santos, a Escola de Samba Vila Mathias já levou aos seus desfiles uma das alas inteiramente formada por pessoas com deficiência física, auditiva, visual e intelectual, garantindo muita inclusão e representatividade no carnaval santista.

     

    Cenário possível do Carnaval em 2022

    Com a chegada da pandemia causada pela Covid-19, o Carnaval como conhecíamos não pôde ir às ruas e passarelas desde 2020. Até o momento, ainda não foi confirmado se em 2022 a festa do povo poderá acontecer, porém governadores de diferentes partes do Brasil já se posicionaram em relação à realização ou não da festividade.

    Enquanto no Rio de Janeiro a Liga das Escolas de Samba (LIESA) apresenta três cenários possíveis, sendo eles o Carnaval digital, os desfiles sendo realizados no inverno ou a folia sendo estendida, os governos de Curitiba e do Amazonas já confirmaram a realização do carnaval digital em 2022. 

    Com essa medida, é possível garantir que o trabalho realizado por todos os profissionais envolvidos na realização dos desfiles não fique parado por mais um ano, além de abrir um leque de possibilidades em relação à acessibilidade para pessoas com deficiência no meio digital. 

    Caso esse cenário se confirme, é possível garantir transmissões ao vivo com tradução para LIBRAS, além de narradores descrevendo as imagens para que pessoas com deficiência visual possam acompanhar tudo que acontece nos desfiles. 

    Para autistas, a vantagem se dá pela possibilidade de aproveitar a data sem precisar estar em meio a uma multidão barulhenta. Já para pessoas com a mobilidade reduzida, transtornos em relação à falta de estrutura física também poderão ser evitados, sem perder o acesso a tudo que acontece no Carnaval. 

    Esse modelo já pôde ser experimentado no Carnaval de 2021, onde foram divulgados diversos blocos virtuais, unindo as pessoas para uma festa à distância, sem perder a alegria que a data traz e possibilitando uma folia com condições mais igualitárias entre todas as pessoas.

     

    A importância da acessibilidade também vale na folia digital

    Mas, para que essa festa digital aconteça e seja de fato inclusiva para todos, é necessário que se ofereça acessibilidade digital. Isso significa que, não adianta levar o Carnaval para o meio digital, pensando que ao favorecer pessoas com cadeiras de rodas tudo já está resolvido. 

    A inclusão é um direito de todos e, para que isso aconteça no Carnaval Virtual, a inclusão digital por meio do uso de uma tecnologia assistiva se faz necessária. A EqualWeb oferece até 31 soluções de acessibilidade digital para que todos possam ter uma navegação acessível.

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