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Está no ar a nova temporada do EqualWeb Talks! Estamos empolgados em iniciar esta série de novos episódios com convidados que trarão discussões profundas sobre a importância da inclusão e acessibilidade digital. Aqui, exploraremos como a tecnologia da EqualWeb tem transformado a navegação online, proporcionando uma experiência mais inclusiva e acessível para todos, além de abordar diversos tópicos relevantes relacionados à inclusão, com o intuito de promover um ambiente digital mais acessível para todos.

Nesta edição, temos a honra de receber Albert Buonocore, Consultor Especialista em Acessibilidade Digital da EqualWeb, para uma conversa imperdível. Albert é um dos três únicos brasileiros certificados com a CPACC (Certified Professional in Accessibility Core Competencies), o que torna sua perspectiva e conhecimento ainda mais valiosos. E para comandar esse bate papo nossa Embaixadora Digital, Ewa Weber, conduzirá esta entrevista, mergulhando nas experiências e insights de Albert sobre acessibilidade digital e a importância de uma web inclusiva.

Estamos ansiosos para compartilhar este bate-papo inspirador com todos os interessados pela causa! Quer conferir tudo que foi abordado ao longo desse episódio? Confira os tópicos que nossa Embaixadora Digital debateu com o especialista da EqualWeb:

• Motivações por trás da carreira em acessibilidade digital
• Desafios enfrentados na implementação de soluções de acessibilidade digital
• Principais certificações que validam a expertise dos profissionais na área de acessibilidade digital 
• Como manter-se atualizado em acessibilidade digital
• Tendências emergentes em acessibilidade digital
• Contribuição da certificação IAAP para a Equalweb
• Papel da acessibilidade digital na sociedade e no mercado

Ficou curioso? Continue a leitura e confira!

Ewa: Está no ar mais uma edição do EqualWeb Talks e, hoje, eu, Ewa Weber, recebo aqui para um bate papo, Albert Buonocore, Consultor Especialista em Acessibilidade Digital da EqualWeb, 

Para que todos saibam como somos, farei nossas descrições físicas da foto que consta em nosso vídeo. 

Vou começar por mim: Sou uma mulher branca, de cabelos pretos, estou vestindo camisa azul com logo da EqualWeb e óculos escuros enquanto sorrio e cruzo os braços. Nosso convidado, Albert, é um homem branco, de cabelos castanhos e está vestindo uma camisa polo preta

Estamos muito felizes em te receber e em saber mais sobre suas experiências e insights sobre acessibilidade digital e a importância de uma web inclusiva.Seja muito bem-vindo, Albert! 

Albert: Obrigado pelo convite, Ewa. É uma honra participar do EqualWeb Talks e compartilhar conhecimentos com todos os interessados no mundo da acessibilidade digital.

Albert: Meu primeiro contato com acessibilidade digital foi em 2008, eu era estagiário na IBM e ali eu tive contato com sites que eu precisava testar com um leitor de tela JAWS. A mais de dez anos atrás, a acessibilidade digital não era algo que era dito, a gente só precisava testar o conteúdo e o teste era basicamente se o leitor lia aquele conteúdo. Não tinha nenhuma tecnologia como tem hoje, que você interage com o usuário, então ali foi o meu primeiro contato. 

Com o passar dos anos, eu cheguei à EqualWeb, e vi um campo vasto de acessibilidade e isso me motivou. Porque depois de mais de dez anos, eu vi que todo esse campo de acessibilidade, não só para pessoas cegas que usam o leitor de tela JAWS, mas para muitos outros perfis de acessibilidade, inclusive o meu perfil, já que eu tenho TDAH. Então isso me motivou muito, porque evoluiu muito a acessibilidade, e agora as tecnologias criaram soluções para interagir com vários perfis que têm algum tipo de deficiência.

Albert: Sempre é um desafio, porque a acessibilidade engloba todos os perfis. Você engloba pessoas cegas, pessoas surdas, com baixa visão, com daltonismo, e diversos outros perfis. Então, o desafio é você prover acessibilidade para o maior número de perfis possíveis de acordo com os critérios da acessibilidade.

É muito gratificante testar com o Clairton, que é uma pessoa cega e testa com a gente o que é implementado. Quando trabalhamos em alguma pagina que não conta com a tecnologia EqualWeb e depois implementamos nosso widget, após fazermos os ajustes, é muito gratificante ver ele falando que era impossível fazer uma compra nesse e-commerce, nesse site e agora, ele consegue navegar perfeitamente: escolher o que quer, colocar o cartão de crédito e que tudo se torna possível. E tudo isso, porque agora eu recebo a informação e antes eu não recebia. Graças a esse trabalho em conjunto, eu aprendi muito. Pra mim, o maior aprendizado foi esse.

Albert: Eu possuo uma certificação internacional concedida pelo IAAP. Essa sigla significa International Association of Accessibility Professionals, a Associação Internacional dos Profissionais de Acessibilidade. Esse órgão certifica os profissionais em diversos níveis, inicialmente numa certificação para acessibilidade digital, depois a segunda certificação seria para desenvolvedor, que eu pretendo tirar e já está no meu roadmap. A terceira certificação é para acessibilizar documentos e a quarta é acessibilidade para o ambiente físico. E a certificação que eu tenho, ela se chama CPACC e significa Certified Professional in Accessibility Core Competencies. Pelo que eu vi na lista dos certificados, desde março deste ano, eu sou a terceira pessoa certificada do Brasil.

Albert: Essa pergunta é muito boa. Porque ao adquirir  a certificação, eu não tenho garantia de que eu vou continuar certificado por um período indeterminado. A certificação expira em três anos e nesse tempo, eu preciso participar do maior número de eventos, de webinars, fazer mais cursos, escutar podcasts. E se eu escuto um podcast ou  interajo com a comunidade de acessibilidade digital, eu pontuo pra manter minha certificação. Tem fóruns lá, onde eu participo, coloco a minha experiência, compartilho com as pessoas as melhores práticas de acessibilidade, ajudo na comunidade, tiro dúvidas, ajudo uma pessoa a obter uma certificação, a falar um pouco sobre a acessibilidade… Tudo isso conta. Então, se eu dou um treinamento pra EqualWeb sobre acessibilidade, sobre uma certificação, ou qualquer assunto relacionado, isso valer pontos para manter minha certificação. Então, eu estou o tempo todo me atualizando. Por exemplo, as diretrizes de acessibilidade WCAG foram atualizadas recentemente e eu recebi informação sobre essa atualização. Recebi podcast, webinar, participei e mandei essas horas dedicadas para a Associação Internacional dos Profissionais de Acessibilidade, porque tudo isso conta. Tudo isso é o que, no final das contas,  me mantém atualizado. 

Albert: O que eu vejo de alguns anos pra cá é que as instituições, os governos, estão cada vez mais incisivos nessa questão da acessibilidade. Então, por exemplo, trabalhando na EqualWeb, eu vejo empresas que são acionadas pelo Ministério Público, para passar a prover acessibilidade pro ambiente deles, pro site deles. E o público de pessoas com deficiências também está exigindo isso. Então, pelo que eu vejo, a tendência é essa. Nós vemos diversos Top Voices no LinkedIn falando sobre esse tema e isso está cada vez mais movimentando a sociedade e as instituições a exigir esse movimento. 

A acessibilidade hoje em dia é imperativa e seu site tem que contar com ela. Qualquer ambiente tem que prover acessibilidade suficiente para que pessoas com deficiências tenham acesso. 

E, basicamente, o que eu estou fazendo para ficar up to date, pra trabalhar isso é absorvendo a maior quantidade de informações possíveis. Não só na questão de acessibilidade, como também na questão jurídica. 

Albert: Essa certificação foi muito gratificante, porque foi bastante árduo. Eu tive que ler o Board of Knowledge sobre a certificação e também fazer um curso ministrado pela DEC University, uma universidade que é especializada em acessibilidade. Essa certificação me deu uma visão muito abrangente sobre a acessibilidade, me mostrando todos os tipos de deficiências, categorias, desafios e tecnologias assistivas que permitem que essas pessoas possam ter acesso ao conteúdo.

Ver que eu estou provendo acessibilidade para uma pessoa com uma determinada deficiência foi muito gratificante. Eu vejo um recurso da EqualWeb e eu entendo perfeitamente para que aquilo está sendo usado. Por exemplo, uma ampliação de botão. Você já pensa numa pessoa que tem uma baixa visão, mas aquilo também vai ajudar uma pessoa que tem dificuldade de utilizar o mouse porque as mãos tremem e, por isso, não consegue clicar num botão muito pequeno. Aí esse recurso  vai ampliar um botão e prover acessibilidade.

Essa certificação também contempla o ambiente físico e me ensinou cada coisa interessante. Por exemplo, você vai ao mercado e muitas vezes você tem aquelas tangerinas descascadas. E aí você vê um post numa rede social “por que que tem isso?”. Eu aprendi que  isso ajuda pessoas com deficiência, que tem mal de Parkinson, por exemplo, e não conseguem descascar a fruta. E essa é uma das formas de prover acessibilidade para o mundo físico. 

Eu aprendi muita coisa sobre a sociedade, a participação econômica de uma pessoa com deficiência, o empenho que uma empresa precisa ter, aprendi também que a acessibilidade não é para ser implementada no final da entrega de um projeto, mas sim no início. Eu aprendi sobre a importância de você ter um Quality Assurance, ou uma pessoa com deficiência que testa o seu produto, e na nossa equipe temos o Clairton, que mostra a experiência dele, e o quanto aquilo ajuda e é benéfico para ele.

Como a  maioria dos desenvolvedores é composta por pessoas muito jovens, e que em grande parte não têm deficiência, esses profissionais não conseguem enxergar isso e prover um ambiente virtual propício. E tirar essa certificação mostrou isso. O quanto é benéfico pensar em acessibilidade, pensar que o maior número de pessoas vai ter acesso e vai usufruir com as mesmas condições que uma pessoa sem deficiência.  

As pessoas com deficiência representam em torno de 20% da população do planeta, fazendo assim com que esse grupo seja considerado a maior minoria do planeta. Então, excluir essas pessoas significa que você está excluindo um número muito grande de pessoas. Isso me ajudou bastante a enxergar a importância desse trabalho. 

Albert: Essa pergunta é bem interessante, porque teve uma lição que eu aprendi na certificação, que consiste em entender que existem modelos teóricos para enxergar uma deficiência. 

Por exemplo, uma deficiência é um fato. E esse fato, é visto sob diversas óticas. Uma ótica, por exemplo, é um modelo médico. Para a medicina, é um fato que existe uma deficiência, e ela vai ser tratada ou para obter uma cura ou para obter uma melhor qualidade de vida para a pessoa com deficiência. Então, esse é o primeiro modelo. 

O segundo modelo é o modelo social e ele fala que não existe deficiência, o que existe é uma sociedade que não foi projetada para prover igual participação na sociedade para uma pessoa com deficiência. Olha que interessante isso. O que nós temos é uma sociedade que não foi projetada para que a participação de uma pessoa com deficiência seja equitativa. 

Então, uma vez que nós temos uma sociedade inclusiva e que as mesmas oportunidades são dadas a todos, a deficiência vai ser minimizada. Minimizada ao ponto de que as pessoas com deficiência terão os mesmos direitos e os mesmos acessos. 

A acessibilidade é para todos e quando eu aprendi sobre o modelo social, eu aprendi sobre o chamado corte do meio-fio. O que seria corte do meio-fio? Aquele declive na calçada foi desenvolvido para que uma pessoa com deficiência, que utiliza cadeira de rodas, pudesse atravessar a rua. Mas, com o tempo, foi-se observando que uma pessoa com um carrinho de bebê utilizava aquele declive, uma pessoa  que está atualmente com uma perna engessada utilizava aquele declive, uma pessoa que está levando as malas de viagem para o aeroporto utilizava aquele declive.

Então a acessibilidade beneficia a todos e não só uma pessoa com deficiência. E isso serve tanto para a digital quanto para o mundo físico e esse foi meu maior aprendizado. 

Ewa: Albert, muito obrigada pela sua participação no EqualWeb Talks e por compartilhar sua experiência e seu conhecimento com a gente.

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